quarta-feira, 29 de julho de 2015

À Procura das Borboletas



Ver, Sentir e Aprender. Esse era o título do primeiro- e único- livro que escrevi e editei, tudo em uma tarde que passei na empresa dos meus pais, quando criança. Há tempo queria escrever, aos seis anos reclamava por ainda não o saber. Queria ler livros, escrever diários. Talvez, porque me sentia de fora do, até então, código secreto das letras. Também almejava decifrar pessoas, sentimentos, histórias enletradas por aí.


Ver. Quando bebê, os meus olhos arregalados despertavam comentários do tipo “parece que ela quer ver além do possível”. De fato, sou observadora, investigativa e continuo gostando de desvendar mistérios, apesar de não mais subir em árvores para brincar de detetive.


Sentir. Da lista de nomes que minha mãe fizera, foi meu irmão quem escolheu, anunciando para quem chegava ao hospital: Simone. Mais tarde, descobri que o significado desse nome é a que escuta. Muito antes, porém, sabia o quão bom é ouvir, o que não deixa de ser sentir, ser tocado pelas vibrações que chegam ao ouvido. Ouvir músicas, histórias, conselhos, risadas, pássaros, cachoeiras e escutar com a alma é maravilhoso. Na hora de decidir a profissão a seguir, ouvir o coração não é o suficiente, além de nem sempre ser fácil, pois dentro de nós existem gemidos inexprimíveis que somente o Autor da existência é capaz de compreender. Tão bom saber que Ele conduz a sinfonia.


Aprender. Por vezes, pode ser tão difícil, pois não existem apenas números complexos e, sim, muitos conteúdos que exigem dedicação. Apesar de difícil, assim como crescer, é muito bom aprender. Posso afirmar, com certeza, que tive ótimos mestres, lições inesquecíveis. Jesus, o amor incondicional; pastor Rudi, desprender-se da vida com coragem, persistindo no amor, modelado como barro nas mãos do Criador; pediatra Silvana e professora Ana Cristina, cuidado, carinho e atenção, amor pelo que se faz e por quem se trata; meus avós, casamento que resiste ao tempo, amar e envelhecer juntos; família e amigos, amor fraterno, abraços, laços invisíveis.


Enfim, a decisão. Embora eu quisesse concluir esse texto com uma decisão, ainda procuro, espero, respostas. Sempre gostei de brincar de super-herói, de aventura, de sonhar, no entanto, sei que não posso, nem devo, fazer tudo que tenho vontade. Existe alguma coisa especial para eu fazer, assim como para cada pessoa. No meu caso, ainda não tenho certeza do que é, mas o que eu posso dizer é que minha vida vai ser sempre poesia, e, aonde quer que eu vá, não vou sozinha.


O que quer que eu faça, não irá ser grande - algo como salvar borboletas caídas na água, como fazia na infância - mas estarei alegre em simplesmente fazer parte desse jardim.






* Escrevi esse texto no Ensino Médio. Estava guardado em uma nuvem de arquivos antigos. Agora, voa por aí.