segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A graça dos esportes


A graça dos esportes, para mim, está no esporte simples, sem pompa, sincero, sensato, livre de investimentos milionários e obtusos, longe da disputa desenfreada, dos insultos entre competidores e torcidas. A graça dos esportes está para além de ganhar ou perder: na força e na leveza.

Força. A força no aperto de mão no início e no fim da partida. A força para se erguer, para se carregar pelos remos, pelas rodas, pelas varas; para se colocar no vento, na onda, na bola; para aceitar ajuda e se segurar na mão estendida. Força para erguer o companheiro em um salto, levantar a bola para o outro em uma jogada. Também força para lutar contra o próprio  ego e passar a bola no campo e fora dele, para escolas, hospitais, abrigos. Força para avançar e alavancar o peso dos fracassos e das dores. Força quando o foco vai além dos próprios músculos é mais forte, é solidária, gera movimento - aí tem graça.

Leveza. A leveza no ar que se inspira e expira. Leveza de saltar, de confiar, de se desprender do chão, rumo à água, à cesta, ao outro,  ultrapassando a barra, no ritmo do corpo e da canção, em sincronia, na dança, no nado, no estudo e no trabalho, no descanso também. A leveza sustentada pela prática e pelo equilíbrio de quem ensaia e se solta. A leveza de se surpreender no brilho do inesperado. A leveza de fruir, de ser, estar e agradecer; a leveza de presença é linda, cheia de graça.

A força de recomeçar.

E a leveza de celebrar.