A graça dos esportes, para mim, está no esporte simples, sem pompa, sincero, sensato, livre de
investimentos milionários e obtusos, longe da disputa desenfreada, dos insultos
entre competidores e torcidas. A graça dos esportes está para além de ganhar ou
perder: na força e na leveza.
Força. A
força no aperto de mão no início e no fim da partida. A força para se erguer,
para se carregar pelos remos, pelas rodas, pelas varas; para se colocar no
vento, na onda, na bola; para aceitar ajuda e se segurar na mão estendida. Força
para erguer o companheiro em um salto, levantar a bola para o outro em uma jogada.
Também força para lutar contra o próprio
ego e passar a bola no campo e fora dele, para escolas, hospitais,
abrigos. Força para avançar e alavancar o peso dos fracassos e das
dores. Força quando o foco vai além dos próprios músculos é mais forte, é
solidária, gera movimento - aí tem graça.
Leveza. A
leveza no ar que se inspira e expira. Leveza de saltar, de confiar, de se
desprender do chão, rumo à água, à cesta, ao outro, ultrapassando a barra, no ritmo do corpo e da
canção, em sincronia, na dança, no nado, no estudo e no trabalho, no descanso
também. A leveza sustentada pela prática e pelo equilíbrio de quem ensaia e se
solta. A leveza de se surpreender no brilho do inesperado. A leveza de fruir, de ser, estar e agradecer; a leveza de presença é linda, cheia de
graça.
A força de recomeçar.
E a leveza de celebrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário