quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Marcador de páginas


“Notava que ninguém se compadecia dele porque ninguém estava com disposição nem mesmo de pensar em sua situação. Gerassim era a única pessoa que entendia o que ele estava passando e lamentava por ele, e por isso Ivan Ilitch só sentia-se bem em sua presença. Sentia-se confortado quando Gerassim levantava suas pernas – às vezes a noite toda – e recusava-se a ir dormir, dizendo ‘Não se preocupe, senhor. Eu posso dormir o suficiente mais tarde”.

Nesse ponto, colocou o marcador de páginas. Repousou o livro sobre o peito. Respirou fundo as palavras de Tolstoi. Pensou na dor de Ilitch e no gesto de Gerassim. Estendeu a mão para o criado-mudo, de onde colheu o caderno e a caneta.


E de história em história, continuava o inventário da Graça.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Quando entrei na sala

aquele menino miúdo arregalou os olhos e saiu correndo pela porta. Será que fui muito rígida na semana passada? Chata? Pedra de tropeço? E se ele nunca mais voltar? Ainda pensava nessas perguntas, quando ele retornou da rua com um buquê de orquídeas e o estendeu para mim, com um sorriso, um sorriso de volta.