“Notava que ninguém se compadecia
dele porque ninguém estava com disposição nem mesmo de pensar em sua situação.
Gerassim era a única pessoa que entendia o que ele estava passando e lamentava
por ele, e por isso Ivan Ilitch só sentia-se bem em sua presença. Sentia-se
confortado quando Gerassim levantava suas pernas – às vezes a noite toda – e
recusava-se a ir dormir, dizendo ‘Não se preocupe, senhor. Eu posso dormir o
suficiente mais tarde”.
Nesse ponto, colocou o marcador de páginas. Repousou o livro sobre o
peito. Respirou fundo as palavras de Tolstoi. Pensou na dor de Ilitch e no
gesto de Gerassim. Estendeu a mão para o criado-mudo, de onde colheu o caderno
e a caneta.
E de história em história, continuava o inventário da Graça.
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