sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Teu amor

 




Mas, que amo eu, quando te amo? Não amo a beleza do corpo, nem o esplendor fugaz, nem a claridade da luz, tão cara a estes meus olhos, nem as doces melodias das mais diversas canções, nem a fragrância de flores, de unguentos e de aromas, nem o maná, nem o mel, nem os membros tão afeitos aos amplexos da carne. Nada disto amo quando amo o meu Deus. E, contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento, um abraço de meu homem interior, onde brilha para minha alma uma luz sem limites, onde ressoam melodias que o tempo não arrebata, onde exalam perfumes que o vento não dissipa, onde se provam iguarias que o apetite não diminui, onde se sentem abraços que a saciedade não desfaz. Eis o que amo quando amo o meu Deus! (...) Disse então à todas as coisas que meu corpo percebe: ‘Dizei-me algo de meu Deus, já que não sois Deus; dizei-me alguma coisa dele’ – e todas exclamaram em coro: ‘Ele nos criou’ – Minha pergunta era meu olhar, e sua resposta a sua beleza.

Agostinho



A paisagem

é arte da Tua voz.

A música

canta Teu nome.

O perfume

exala Teu agir.

O alimento

nutre Tua criação.

O abraço

envolve Teu amor.




Fonte da imagem: foto de Mark Harpur no Unsplash.

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