sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Trim !


O resultado está para sair. O resultado está para sair. Por mais que a vontade seja de engavetá-lo em sua mente, o pensamento permanece pairando por ali, voando baixinho, à espera do mínimo sinal – trim!- para se esticar e tomar conte de todo o espaço possível: O RESULTADO! Torna-se uma sirene vermelha, piscante, barulhenta e, ao que parece, eletrizada. O telefone toca com o mesmo trim de sempre, mas o efeito é o de um leve choque, forte o suficiente para que Sara pule do sofá e corra para atender.

Emília se mexe na cama. Ela também ouve o trim, não com o mesmo efeito. Desperta, apenas, de um leve sono. Volta a sentir-se exaurida de forças. Pensa em levantar, mas o corpo se perde entre o colchão e as cobertas, como um ursinho de pelúcia, incapaz de mover-se por conta própria. Fica ali. Um ouvido tocando o travesseiro, o outro ouvindo atentamente.

Um grito. Solavancos no andar de cima. Um susto no andar de baixo.

A senhora sente o corpo tremer. Um arrepio percorre a espinha. Precisa levantar. Ergue o corpo amolecido pela cama mais rápido do que supunha. Nem mesmo calça o chinelo de lã. Está decidida. Precisa verificar o que está acontecendo, e o mais rápido possível. Caminha em direção à porta, com o seu pijama de cerejinhas, presente da Nina. Aquele grito bem poderia ser dela, sua neta, ou de outra moça em apuros. Segue, a respiração é sonora, mas pouco eficiente. Precisa sair daquele quarto. Gira o trinco. Abre. A claridade do corredor perturba a visão.

A moça vinha escada a baixo. Era a Sara.

Encaram-se. Emília está pálida, Sara, radiante. Que alívio. A senhora sente um banho de água morna por dentro. O conforto derrete suas forças. Estica o braço para se segurar. A parede está mais longe do que o imaginado. Vai tombar. A moça corre ao seu encontro, e a segura. Obrigada – sussurra a senhora em seu ouvido. Um abraço demorado.

Há quanto tempo não era envolta por braços em vez de cobertas? Alegria. Sente o coração acelerado da jovenzinha. Mas, afinal, o que havia acontecido? Susto. Está tudo bem. Sara precisa contar a boa notícia. Emília precisa ouvir algo bom. E o que fez a moça pular e gritar transborda em palavras para os ouvidos amassados da vó Mia. Mas que coisa boa, menina! Lágrimas. Os olhos brilham mais uma vez. A última? Quem sabe. É a primeira que pulam juntas sem sair do chão.

Um comentário:

  1. Hummm, mas afinal qual era a boa notícia? Conseguiu uma vaga de emprego? Ganhou uma viagem em um concurso? Resultado positivo de um exame de gravidez (ou negativo)?
    Maninha, você está se tornando uma bela escritora! Parabéns! Sou sua fã!
    Bjs e abraços
    Aline

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