- Já vou!
E Antônio revirou o
quarto atrás daquela luneta. Quando achou, enfim, saiu de casa. Olhou para o
céu. Nublado. E o cometa passou. Voando.
- Não acredito!
- Ah, uma hora dessas,
passa outro.
- Daqui a dez mil
anos, quer dizer?!
Antônio jogou a luneta
no chão. A lente se esfacelou. Nem se despediu. E Carlos não se atreveu a dizer
o quanto a visão do cometa tinha sido sensacional.
Na semana seguinte,
chamou:
- Antônio, tive uma ideia!
Estou pensando em...
- Tenho que ir.
Três dias depois:
- Preciso da tua
ajuda, Antônio.
- Não posso.
Quinta à noite:
- Estou quase
terminando, queria que tu desse uma olhada lá, Antônio.
- Ah, hoje não vai dar.
No domingo de Páscoa:
- Antônio, vem ver o céu!
Ele saiu correndo, sem luneta, sem chinelo.
- Uou!
- Bom, não sabia como
consertar a luneta, e trazer o cometa de volta não tinha como. Aí resolvi
construir um telescópio.
- Cara! Então era
isso! Queria ter ajudado.
Olhos nublados de
lágrimas.
E Antônio aprendeu a
trazer o céu para perto dos amigos.
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