domingo, 8 de dezembro de 2013

Antônio, Carlos e as estrelas





- Vem ver o céu!

- Já vou!

E Antônio revirou o quarto atrás daquela luneta. Quando achou, enfim, saiu de casa. Olhou para o céu. Nublado. E o cometa passou. Voando.

- Não acredito!

- Ah, uma hora dessas, passa outro.

- Daqui a dez mil anos, quer dizer?!

Antônio jogou a luneta no chão. A lente se esfacelou. Nem se despediu. E Carlos não se atreveu a dizer o quanto a visão do cometa tinha sido sensacional.

Na semana seguinte, chamou:

- Antônio, tive uma ideia! Estou pensando em...

- Tenho que ir.

Três dias depois:

- Preciso da tua ajuda, Antônio.

- Não posso.

Quinta à noite:

- Estou quase terminando, queria que tu desse uma olhada lá, Antônio.

- Ah, hoje não vai dar.

No domingo de Páscoa:

- Antônio, vem ver o céu!

Ele saiu correndo, sem luneta, sem chinelo.

- Uou!

- Bom, não sabia como consertar a luneta, e trazer o cometa de volta não tinha como. Aí resolvi construir um telescópio.

- Cara! Então era isso! Queria ter ajudado.

Olhos nublados de lágrimas.


E Antônio aprendeu a trazer o céu para perto dos amigos.

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