Nas dimensões da infância, a
escola, as praças, as árvores, os professores, é tudo imenso. A vida parece não
ter fim e, ao mesmo tempo, cabe inteira num instante: toda alegria explode num
riso sincero, a birra num beiço que também não o deixa de ser. Os instantes
passam e desfazem o momento, das migalhas forma-se a memória, do que
cristaliza, doces recordações.
Os
corredores da escola já não são tão grandes, preenchidos por lembranças,
momentos vividos, o que faz com que os mesmos olhos vejam de um outro modo. Os
professores que por ali passam entram nas salas com a tarefa de ensinar e para
isso não se desfazem do que verdadeiramente são. O conteúdo vem acompanhado por
um jeito único de falar, rir, gesticular, ficar furioso. Sem demora, surgem as
imitações, os risos. Crescemos, formamos opiniões, sentimo-nos grandes o
suficiente para chacotear, porém não deixamos de ser crianças que gostam de
imitar.
Ao
sair da escola, irrompendo em alegria, levaremos conosco não só um papel com a
aprovação, mas também pedaços de profissionais que se doam – professores –
semeando sonhos. E a nossa mente é, sem dúvida, terreno fértil, criando monstros,
bobeiras, planos, além de minhocas e brincadeiras na cabeça.
Quando
entrei no jardim, encontrei uma professora acolhedora e amizades das quais
usufruo até hoje. Lembro, também, de cuidarmos de uma lagarta e a vermos
transformar-se em borboleta – incrível! – o que faz de mim apreciadora de
jardins, de natureza em transformação.
Ana
Cristina apresentou-nos às letras com um Batalhão de Mário Quintana,
deixando-me o gosto não só pela escrita, como pela poesia da vida em si. Mais tarde, viria a
Roselaine colando estrelinhas por dedicação, a Sofia e a Aletéia com História e
Música, e tantos outros com suas preciosas sementes. No Ensino Médio, o Elemar,
professor de matemática, proclama “quem escolhe deixa!”, talvez a parte mais
difícil em decidir – deixar para trás – mas imprescindível para seguir em
frente; o que vimos nas lágrimas da Noeli ao ser escolhida paraninfa, em sua
despedida, dissolvida no amor pelo que faz.
E,
por fim, a Lu com seus atenciosos rodapés, os quais guardo com carinho. Quem
sabe um dia, de tantas sementes, letras, poesia, brote um livro em minhas
gavetas, aquelas que organizam o pensamento em minha cabeça? Talvez.
* Outro texto do Ensino Médio.
Puxa, como eu gostaria de saber escrever um rodapé que traduzisse um milésimo da emoção que estou sentindo agora... graças por esse texto, graças por existires...
ResponderExcluirQue lindo, Lu! Muito obrigada por tudo! Um abraço cheio de gratidão e saudade \o/
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